A investigação do caso do bolo envenenado em Torres, Rio Grande do Sul, ganhou um novo e perturbador capítulo nesta sexta-feira (10). A Polícia Civil confirmou que Paulo Luiz dos Anjos, sogro da principal suspeita Deise Moura dos Anjos, também foi vítima de envenenamento por arsênio, elevando para quatro o número total de mortes relacionadas ao caso.
Diferentemente das outras vítimas que foram envenenadas através de farinha contaminada, Paulo Luiz foi exposto ao arsênio através de leite em pó. Sua morte ocorreu em setembro de 2024, três meses antes do incidente que vitimou outras pessoas durante uma confraternização familiar na véspera de Natal do mesmo ano.
Corpo do sogro foi exumado
A análise realizada após a exumação do corpo revelou uma concentração alarmante de arsênio no estômago de Paulo Luiz – 264 miligramas – sendo esta a segunda maior quantidade encontrada entre todas as vítimas fatais. A Diretora Geral do IGP do Rio Grande do Sul, Marguet Mittmann, explicou que o arsênio é um componente metálico especialmente perigoso por ser um pó branco sem cheiro ou gosto, características que facilitam sua mistura imperceptível com alimentos.
As investigações apontam para um possível motivo surpreendentemente trivial para os crimes. A polícia descobriu que Deise guardava ressentimento contra a família do marido devido a uma antiga dívida de 600 reais, que, mesmo tendo sido quitada rapidamente, aparentemente deixou marcas profundas na suspeita.
A operação, batizada de “Acqua Toffana” em referência ao uso histórico do arsênio em envenenamentos no século XX, resultou na prisão preventiva de Deise no dia 5 de janeiro. Ela enfrenta acusações de triplo homicídio duplamente qualificado e três tentativas de homicídio, relacionadas ao episódio do bolo envenenado que vitimou três pessoas e hospitalizou outras duas.
Delegado traz informações sobre o caso
O delegado Marcos Veloso, responsável pela investigação, anunciou que a polícia expandirá as investigações para examinar outras possíveis mortes por intoxicação no círculo social de Deise. O sub chefe de polícia civil do RS, Heraldo Chaves Guerreiro, foi enfático: “Provas colhidas indicam que Deise não sairá da cadeia nessa vida.“
O impacto deste caso já está provocando mudanças nos procedimentos de investigação no estado. Segundo o secretário de segurança, Sandro Caron, as autoridades modificarão sua abordagem na análise de mortes por intoxicação no Rio Grande do Sul.