A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou na última terça-feira (11/03) a suspensão das operações da Voepass. A empresa aérea ficou marcada no Brasil pelo trágico acidente de 9 de agosto de 2024. Na ocasião, um ATR-72-500 da companhia caiu sobre a cidade de Vinhedo (SP), resultando na morte de 62 pessoas.
Desde o acidente, a companhia vinha sendo alvo de investigações. Um relatório preliminar do Cenipa (Centro de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) apontou falhas nos sistemas de expulsão de gelo das asas da aeronave.
Sobre a queda do avião da Voepass que matou 62 pessoas
O gelo acumulado, somado à falta de ação para reduzir a altitude e evitar o problema, comprometeu a estabilidade do avião, que perdeu sustentação. O relatório também destacou que a queda ocorreu de forma extremamente rara na aviação comercial, em um parafuso chato, quando a aeronave gira e perde altura descontroladamente.
Para entender os fatores que levaram a uma decisão tão drástica por parte da Anac, o Fantástico entrevistou um mecânico que trabalhou na Voepass antes e depois do acidente. Em depoimento exclusivo, ele desabafou sobre a empresa e a reação da equipe ao ficar sabendo do acidente.
Mecânico da Voepass sobre avião
O mecânico revelou que a empresa não fornecia suporte adequado para a manutenção das aeronaves, como ferramentas e peças essenciais. Segundo ele, a Voepass é bem diferente de outras companhias, uma vez que não há suporte fornecido pela empresa.
Segundo o mecânico, a falta de segurança já era um alerta dentro da empresa. Ele relatou que o avião que caiu em Vinhedo, conhecido como “Papa Bravo”, era frequentemente reportado por problemas, mas a manutenção era ignorada pela chefia.
“Eu já sabia que ia acontecer isso […] Era o avião que dava mais problemas, era o avião que dava mais pane. A gente avisava que o avião estava ruim, a manutenção sabia que o avião estava ruim”, disse o funcionário durante a exclusiva.