O mundo recebeu hoje a triste notícia do falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira (21/04). Com sua morte, inicia-se imediatamente uma série de rituais e procedimentos rigorosamente estabelecidos pela Santa Sé, seguindo a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, documento promulgado pelo Papa João Paulo II em 1996.
O primeiro passo após o falecimento do pontífice é a constatação oficial da morte. Esta responsabilidade recai sobre o cardeal camerlengo, que deve verificar o óbito na presença do mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos prelados clérigos da Câmara Apostólica, além do secretário e chanceler desta instituição. Posteriormente, o chanceler emite o documento autêntico que formaliza o registro do falecimento.
Uma vez confirmada a morte, o camerlengo providencia a lacração dos aposentos papais. Tanto o escritório quanto o quarto do Papa são selados para garantir a preservação de documentos e objetos pessoais, impedindo qualquer retirada antes da devida catalogação e revisão oficial.
Comunicado de falecimento do papa
A comunicação do falecimento segue protocolos específicos. O camerlengo notifica oficialmente o Cardeal Vigário para a Diocese de Roma, que por sua vez transmite a notícia ao povo romano. O Cardeal Arcipreste da Basílica Vaticana também recebe a informação pelos canais oficiais, iniciando os preparativos para as cerimônias subsequentes.
Durante o período de Sé Vacante, o camerlengo assume funções administrativas cruciais, tomando posse dos Palácios Apostólicos. Isto inclui a custódia e o governo do Palácio Apostólico do Vaticano, dos Palácios de Latrão e de Castel Gandolfo, garantindo a segurança e administração provisória destes importantes locais para a Igreja Católica.
A administração financeira e patrimonial da Santa Sé também passa temporariamente para as mãos do cardeal camerlengo. Com o auxílio de três cardeais-assistentes, ele se torna responsável por administrar os bens e direitos temporais, sempre submetendo suas decisões ao voto do Colégio dos Cardeais para manter a transparência e colegialidade.
Organização das cerimônias fúnebres
O funeral do Papa Francisco será meticulosamente organizado conforme as tradições católicas. Após consultar os cardeais primeiros das três ordens – bispos, presbíteros e diáconos – o cardeal camerlengo definirá todos os detalhes do sepultamento, a menos que o próprio pontífice tenha deixado instruções específicas antes de sua morte.
As cerimônias fúnebres seguirão o Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, um rito litúrgico específico para o funeral papal. Durante nove dias consecutivos, os cardeais celebrarão missas em sufrágio da alma do pontífice, um período conhecido como “novendiale”, repleto de significado teológico para os fiéis católicos.
Como parte da tradição que simboliza o encerramento do pontificado, o anel do pescador, usado pelo Papa Francisco, e o selo de chumbo utilizado na expedição das cartas apostólicas serão destruídos. Este gesto ritual marca oficialmente o fim de seu papel como líder da Igreja Católica e prepara o caminho para seu sucessor.
O Vaticano mantém rígidas restrições quanto à preservação da dignidade do pontífice falecido. É estritamente proibido fotografar ou captar imagens do Papa doente ou falecido, salvo mediante autorização expressa do cardeal camerlengo, respeitando assim a solenidade do momento e a privacidade do líder religioso.