Este conteúdo aborda temas sensíveis relacionados à automutilação, que podem ser perturbadores ou desencadeantes para algumas pessoas. Recomendamos cautela na leitura. Se você estiver passando por um momento difícil, procure apoio de um profissional de saúde mental ou entre em contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida), que oferece atendimento gratuito e sigiloso, 24 horas por dia, pelo número 188 ou pelo site www.cvv.org.br. Você não está sozinho — ajuda está disponível.
O que parecia ser apenas mais um dia normal acabou marcando uma profunda transformação na vida de Paulo, conhecido pelo pseudônimo ZSA ZSA. O ponto de virada veio quando sua filha adolescente, em um momento de desespero, praticou automutilação e pediu ajuda de forma direta e comovente.
“’Me ajuda, me interna, que eu estou surtada’. Quando ela me falou isso, eu imediatamente a levei para o hospital”, disse o pai. Diante da gravidade da situação, Paulo não hesitou e a levou imediatamente ao hospital. Enquanto ela era atendida, ele decidiu investigar o conteúdo do celular da filha, na tentativa de entender o que estava acontecendo.
Grupo de automutilação
Durante essa análise, uma palavra chamou sua atenção: “Lulz”. A princípio, pensou que fosse um erro de digitação, talvez uma tentativa de escrever “luz”. No entanto, ao encontrá-la novamente, decidiu pesquisar seu significado. Foi assim que encontrou uma reportagem do Fantástico, de 2023, que expunha o funcionamento de grupos em redes como o Discord, onde adolescentes são incentivados à automutilação e comportamentos autodestrutivos.
O impacto da descoberta foi devastador. Paulo sentiu-se culpado por ter dado um celular à filha muito cedo, por não ter acompanhado de perto o uso das redes sociais e por desconhecer os riscos digitais. Mesmo com esse sentimento, ele decidiu agir. Sua filha agora está em casa, voltou à escola e segue em tratamento psiquiátrico, em um processo de recuperação contínuo.
Caso serve de alerta
Essa experiência mudou completamente sua visão sobre os limites entre pais, filhos e tecnologia. Para ele, a privacidade deve ser dosada com responsabilidade: é dever dos pais saber com o que os filhos estão lidando no ambiente digital.
O caso também reforça os alertas de especialistas como o psicólogo Jonathan Haidt, autor de A Geração Ansiosa, que aponta a ligação entre o uso precoce de redes sociais e o aumento de transtornos mentais. Segundo ele, a desconexão temporária das telas pode promover uma recuperação significativa da saúde mental.