Quase seis anos após o incidente que resultou no falecimento do ator Rafael Miguel, de 22 anos, e de seus pais, João e Miriam, a Justiça de São Paulo conduziu o julgamento de Paulo Cupertino, apontado como autor dos disparos. O contexto remonta a 2019, quando Rafael se relacionava com Isabela, filha de Cupertino, um relacionamento que encontrava resistência por parte do pai da jovem.
Diante das dificuldades para que o casal se encontrasse, João e Miriam buscaram Cupertino com a intenção de dialogar. Foi durante este encontro que os três vieram a óbito. Na sala de audiência, a disposição seguia o protocolo judicial: a acusação, representada pelo Ministério Público, posicionava-se à esquerda do juiz, enquanto a defesa dos réus ocupava o lado direito.
Paulo Cupertino nega triplo assassinato
A decisão sobre a culpabilidade ou inocência do réu cabia ao Conselho de Sentença, composto por sete cidadãos comuns. Apesar dos elementos apresentados, Paulo Cupertino refutou a responsabilidade pelos crimes. Em sua manifestação, declarou: “Impossível eu ter cometido esse crime. Eu não tenho que pedir perdão, tá? Porque nunca carrego isso no meu coração”.
O relato das testemunhas e a versão do acusado
Isabela, filha de Paulo Cupertino, ofereceu um detalhado relato dos eventos ocorridos no dia do crime, em uma rua da Zona Sul de São Paulo, local onde residia com sua mãe e onde ficava o estabelecimento comercial de autopeças de seu pai.
Após o depoimento de Isabela, sua mãe, Vanessa, prestou declarações ao júri. Ambas descreveram o comportamento de Cupertino como controlador e violento no ambiente familiar. Ao ser indagada sobre agressões sofridas, Vanessa confirmou ter tido a costela fraturada em cinco ocasiões, três do lado esquerdo e duas do lado direito, além do nariz quebrado em quatro oportunidades.
Conforme a versão apresentada por Paulo Cupertino, uma terceira pessoa teria efetuado os disparos contra a família. Para o promotor de Justiça de São Paulo Rogério Zagallo, a narrativa do acusado é “absolutamente fantasiosa”.
Zagallo salientou que o acusado está se colocando na condição de testemunha de uma execução de três pessoas, não tenta impedir, não dá nenhum socorro, não ajuda e não faz nada. Durante o julgamento, o réu se defendeu argumentando que “no dia dos fatos, não estava armado”.