A ideia de incluir larvas em um churrasco ou hambúrgueres de grilo na dieta ainda enfrenta resistência e desconfiança, especialmente no Ocidente. Embora produtos à base de insetos sejam frequentemente promovidos como soluções sustentáveis para reduzir o consumo de carne, um novo estudo aponta que essa proposta pode estar mais ligada ao marketing do que a uma mudança real nos hábitos alimentares da população.
Segundo a pesquisa publicada na revista Nature npj Sustainable Agriculture, a aceitação de alimentos feitos com insetos continua extremamente baixa nos países ocidentais. Essa rejeição cultural e sensorial reduz significativamente o potencial desses produtos de causarem impacto positivo na transição para dietas mais sustentáveis.
Resistência à carne de larvas
Conforme o referido estudo, menos de 30% dos consumidores estariam dispostos a experimentá-los, devido à associação direta com sujeira e repulsa. A pesquisa foi liderada pelo pesquisador Corentin Biteau, do The Insect Institute, organização dedicada a investigar os desafios e incertezas da utilização de insetos na alimentação humana e animal.
O estudo analisou 91 artigos e relatórios de mercado publicados entre 2023 e 2024, sintetizando dados sobre consumo, investimento e percepção pública. Além da rejeição cultural, os produtos com insetos enfrentam obstáculos como preços elevados, sabor inferior e pouca acessibilidade.
Outro ponto crítico é a falta de investimentos: em 2022, apenas 0,6% dos recursos aplicados na indústria de insetos foram direcionados à produção de alimentos para consumo humano.
Alimentos dificilmente ocupará papel relevante a curto prazo
Embora ambientalmente vantajosos, os alimentos com insetos, segundo os autores, dificilmente ocuparão um papel relevante na substituição da carne no curto prazo, devido às barreiras econômicas, sociais e culturais.