Confusão por salário atrasado termina em agressão entre patrões, funcionário e esposa grávida de 3 meses

Atraso no pagamento de mecânico em Belo Horizonte escalou para confronto físico, envolvendo proprietários e a companheira grávida do funcionário.

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Uma discussão sobre o atraso no pagamento de um mecânico em uma oficina na região de Venda Nova, em Belo Horizonte (MG), culminou em uma briga generalizada que resultou na hospitalização da esposa do trabalhador, que está grávida, e da proprietária do estabelecimento. O incidente, registrado no final da tarde de sexta-feira (11 de julho), envolveu o casal de proprietários da oficina, o funcionário e sua companheira, que está no terceiro mês de uma gravidez de risco.

De acordo com o relato do mecânico de 24 anos à Polícia Militar (PM), havia um acordo para que seu pagamento fosse realizado semanalmente às sextas-feiras. No entanto, ao procurar a gerente para tratar do pagamento, foi informado de que a proprietária não teria condições de efetuar o acerto naquele dia devido a outras despesas da empresa. Com o encerramento do expediente, o mecânico recusou-se a deixar o local sem receber, o que levou a gerente a fechar a oficina com ele dentro, a pedido da proprietária, de 31 anos.

Pouco depois, a proprietária e seu companheiro, de 34 anos, chegaram ao local e abriram a loja. Segundo o mecânico, a proprietária estava bastante exaltada e começou a tentar agredi-lo. Ele afirma ter se esquivado das agressões enquanto avisava ao marido da mulher que ela estava agredindo-o. A confusão teria evoluído, ainda conforme o relato do trabalhador, para agressões mútuas, situação que acabou piorando com a chegada de sua companheira grávida, de 28 anos. A mulher tentou apaziguar a situação, mas teria sido agredida pelo casal de proprietários. Ainda na versão do mecânico, em dado momento a dona da oficina chegou a pegar uma ferramenta de ferro para agredir ele e a esposa, o que foi impedido pela chegada da PM.

Versões conflitantes e ferimentos

Após a confusão, a grávida relatou sentir dores na barriga. Com isso, ela foi encaminhada para o Hospital Risoleta Neves, onde foi atendida e, em seguida, liberada. A proprietária da oficina, por sua vez, apresentou uma versão diferente dos fatos no registro policial. Ela alegou que já estava em sua residência com seu companheiro quando foi informada pela gerente de que o mecânico estava na oficina “com ânimo alterado”, exigindo o pagamento semanal, que não seria possível naquele dia. A mulher disse ainda ter orientado a gerente a tentar acalmar o funcionário e, caso ele continuasse se recusando a sair, que era para fechar a loja com ele dentro.

Conforme o relato dela e do marido, ao chegarem na oficina, eles explicaram novamente que o pagamento integral seria feito assim que o cartão de crédito da loja compensasse, pedindo que o mecânico se retirasse para que pudessem fechar o estabelecimento. Nesse momento, o mecânico teria se exaltado, proferindo insultos e agressões verbais, chamando-a de “vagabunda” e “piranha”, além de reclamar que ela e o companheiro iam para casa enquanto os funcionários ficavam trabalhando. Ainda na versão do casal, o funcionário tentou subir as escadas do local, recusando-se a sair, e que ele a teria empurrado, resultando em uma lesão em três dedos de sua mão esquerda, após se segurar em telhas de ferro para não cair. Por conta do ferimento, ela foi levada para a UPA Venda Nova.

Desdobramentos legais e orientação

A proprietária admitiu ter instruído a gerente a fechar a oficina com o mecânico dentro. Após o registro da ocorrência de lesão corporal e vias de fato, os quatro envolvidos foram orientados sobre as medidas legais a serem adotadas. O incidente destaca a tensão que pode surgir em relações de trabalho quando há atrasos em pagamentos e a importância da comunicação para evitar conflitos que escalem para a violência física.