Um menino de 3 anos, Bernardo Gomes de Oliveira, faleceu após ser picado por um escorpião-amarelo em Cambará, no norte do Paraná. O acidente ocorreu na manhã de 13 de julho, quando ele calçou um tênis que estava secando em uma mureta e onde o animal se escondia. A família, que mora em área com terrenos vazios e mato, relatou já ter visto escorpiões no quintal. Após a picada, Bernardo sofreu 33 paradas cardíacas antes de não resistir, vindo a falecer no Hospital Universitário de Londrina no dia 15 de julho.
Segundo os pais, Márcio Oliveira e Bianca Gomes, Bernardo calçou os tênis sozinho e, ao sentir a ferroada, correu gritando para dentro de casa. O escorpião foi encontrado mais tarde sob um tapete. O menino foi levado rapidamente ao Hospital Municipal de Cambará, mas a unidade não dispunha do soro antiescorpiônico necessário para neutralizar o veneno. Bianca relatou que o filho recebeu apenas medicação para aliviar a dor antes de ser indicada a transferência.
Dificuldades no socorro e falta de antídoto
A espera por uma ambulância mais equipada retardou o encaminhamento do menino para a Santa Casa de Jacarezinho, a 20 quilômetros de distância. No hospital, havia apenas cinco ampolas do antídoto, uma a menos do que Bernardo precisava. Mesmo recebendo o que estava disponível, seu estado piorou, exigindo intubação e transferência aérea para Londrina. Bianca e Márcio acompanharam tudo à distância, e o pai recordou as palavras do filho: “Não quero morrer, pai.”

Investigações sobre falhas no atendimento
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA) afirmou que a compra e distribuição dos antivenenos são atribuições do Ministério da Saúde e que as Regionais de Saúde mantêm estoques para emergências. No entanto, no caso de Bernardo, a Regional de Jacarezinho, situada a apenas 20 minutos de Cambará, não foi acionada pelos hospitais. A SESA abriu investigação para apurar falhas no atendimento. A prefeitura alegou que a demora na ambulância ocorreu devido ao veículo estar em outra cidade e que, atualmente, soros são distribuídos apenas a hospitais de referência.
Bernardo, descrito pelos pais como uma criança ativa e independente, deixou um vazio na família. Bianca relembrou a personalidade do filho, sempre curioso e cheio de energia. O caso trouxe à tona a preocupação com a presença de escorpiões-amarelos na região e a importância de resposta rápida em casos de acidentes com animais peçonhentos.
