Um padre da cidade de Areial, na Paraíba, está sendo investigado por intolerância religiosa após declarações feitas durante uma missa no último domingo (27). O padre Danilo César citou a morte da cantora Preta Gil, vítima de câncer colorretal em 20 de julho, para questionar a eficácia de religiões de matriz africana. A cerimônia foi filmada e as imagens viralizaram nas redes sociais, levando uma associação de religiões afro-indígenas a registrar um boletim de ocorrência na terça-feira (29).
Durante a homilia, o sacerdote questionou: “Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”. Ele também alertou os fiéis a não buscarem coisas ocultas, associando religiões afro-brasileiras a doenças e morte. O padre ainda relatou um caso de uma mãe que teria consagrado a filha a entidades espirituais, o que, segundo ele, teria resultado em uma morte precoce.
Repercussão e Investigações
A Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria de Souza divulgou nota de repúdio afirmando que o padre prega ódio e preconceito. O presidente da entidade, Rafael Generino, registrou um boletim de ocorrência e pretende formalizar denúncia no Ministério Público da Paraíba (MPPB). A Diocese de Campina Grande, responsável pela paróquia, informou que Danilo César será assessorado juridicamente e reafirmou seu compromisso com a liberdade religiosa. O padre não se manifestou publicamente, e seu perfil no Instagram foi desativado.
Debate sobre Intolerância Religiosa
O episódio reacendeu discussões sobre a intolerância religiosa no Brasil. O Fórum de Diversidade da Paraíba classificou as falas como graves e destacou que declarações preconceituosas em espaços de culto reforçam o ódio. “É lamentável que um sacerdote use seu púlpito para destilar intolerância em pleno século XXI”, disse o presidente do Fórum, Saulo Gimenez. A associação e outras entidades afirmam que vão acompanhar o caso de perto e oferecer apoio às vítimas.
A Delegacia de Areial confirmou o registro do boletim de ocorrência e informou que as investigações estão em andamento. O vídeo com as declarações foi removido do canal da paróquia no YouTube.
