Morador em frente à delegacia é preso dentro de casa após reclamar de atitude de vizinhos fardados

Apesar do clima de tensão e do receio de represálias, Gustavo afirma que não pensa em deixar o bairro onde sempre viveu.

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Um dentista e sua esposa, moradores da Mooca, zona leste de São Paulo, vivem há seis anos um impasse com a delegacia da Polícia Civil localizada em frente à sua casa. Gustavo e Telma Rodrigues relatam que, desde a reforma do prédio, viaturas estacionam constantemente diante de sua garagem, impedindo entrada e saída de veículos. A situação foi mostrada no Profissão Repórter de 12 de agosto, revelando o desgaste e a rotina de conflitos na rua.

A falta de vagas para as viaturas leva policiais a parar sobre a calçada, bloqueando não apenas o imóvel dos Rodrigues, mas também o acesso de outros vizinhos. O casal registrou em vídeo diversas ocorrências e as tentativas de diálogo para liberar o local. Em reação, passaram a deixar o próprio carro na frente da casa, mas acabaram recebendo 11 multas por estacionar em guia rebaixada.

Delegacia e moradores em tensão

Câmeras de segurança flagraram um policial apontando arma para a família após Gustavo pedir a liberação da garagem. O dentista já foi preso duas vezes por desacato, sendo a mais recente há duas semanas, quando foi retirado de casa algemado. O padre Júlio Lancellotti, que atua na paróquia próxima, tentou intermediar um acordo, lembrando que antes os presos entravam por uma porta lateral, evitando o bloqueio da rua. Ele reforça que o fluxo constante de viaturas prejudica a circulação de pedestres.

Posicionamento oficial

A Secretaria de Segurança Pública afirmou acompanhar o caso e disse que a Polícia Militar reforçou a orientação para que as vagas sejam usadas apenas pela delegacia, preservando áreas residenciais. Apesar do clima de tensão e do receio de represálias, Gustavo afirma que não pensa em deixar o bairro onde sempre viveu.

O episódio retratado pelo programa expôs não apenas um problema local, mas também o desafio da convivência entre estruturas públicas e áreas residenciais, onde a falta de diálogo pode transformar questões de espaço em longos conflitos.