O menino Ravi de Souza Figueiredo, de 2 anos, morreu após um procedimento médico para retirar um grão de milho de pipoca preso no nariz, em Goiatuba (GO), segundo a Polícia Civil. De acordo com o delegado Sérgio Henrique, foi utilizada uma cânula com ar comprimido para tentar remover o objeto, técnica que não é usual nem recomendada para esse tipo de atendimento.
O delegado explicou que o procedimento provocou a entrada de ar em alta pressão nos pulmões e no estômago da criança, causando o rompimento desses órgãos. O caso ocorreu em 5 de abril de 2025, mas só foi divulgado pela família três meses depois. As médicas Daniella Carvalho Ferreira e Isabella Helena Caixeta de Oliveira, responsáveis pelo atendimento, foram indiciadas por homicídio culposo por negligência.
Técnica rara foi utilizada
A otorrinolaringologista Raíssa Valletta explicou em entrevista ao g1 que, normalmente, a retirada de corpo estranho nasal é feita com pinças específicas e, na maioria das vezes, em consultório, sem necessidade de anestesia. Segundo ela, a técnica utilizada no caso de Ravi é rara, pois envolve a introdução de ar comprimido pela narina contralateral para tentar expelir o objeto.
Raíssa destacou que o método apresenta riscos, pois a pressão do ar pode se distribuir de forma imprevisível nas vias respiratórias, variando conforme a anatomia do paciente e o tamanho do corpo estranho. Em situações mais complexas, pode ser necessário realizar o procedimento em centro cirúrgico, com sedação ou anestesia geral, para garantir a segurança.
Família clama por Justiça
A família de Ravi afirma que busca justiça e responsabilização. A defesa de Isabella Helena informou que se manifestará no decorrer do processo, enquanto a defesa de Daniela Carvalho não foi localizada até a última atualização da reportagem. O caso segue sob investigação da Polícia Civil.
