O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, recebeu uma notificação extrajudicial do grupo Legião Urbana pelo uso da música Que País É Este em um evento que marcou o lançamento de sua pré-campanha à presidência da República. A canção, composta por Renato Russo, foi utilizada em uma publicação no Instagram oficial de Zema sem a devida autorização, o que gerou críticas e repercussão nas redes sociais.
A notificação, enviada à sede do partido Novo em Minas, determina que o governador se abstenha de usar a música em futuras publicações ou eventos. Segundo a banda, a utilização ocorreu de forma irregular e não será permitida em contextos políticos.
O grupo exige a suspensão imediata do uso da obra em qualquer plataforma, ressaltando a necessidade de respeitar os direitos autorais da canção.

Direitos autorais e legado de Renato Russo
Lançada em 1987, a música se tornou um símbolo de crítica social, com versos que expõem contradições políticas e desigualdades no Brasil. Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo e administrador do legado artístico do cantor, classificou o episódio como uma afronta e afirmou que jamais autorizaria o uso da canção em campanhas eleitorais. Ele destacou que a obra é, em essência, um hino de contestação e não deveria ser associada a partidos ou lideranças políticas.
Em entrevista, Manfredini reforçou que Renato Russo era contrário ao uso político de sua obra, especialmente por representantes da extrema direita. Para ele, a escolha de Zema desvirtua o propósito original da canção, que nasceu como uma crítica ao autoritarismo e à ditadura. A decisão do governador desagradou fãs e admiradores, que enxergam a música como um patrimônio cultural de resistência e não como ferramenta de marketing eleitoral.
Contexto histórico e repercussão
Composta em 1978, quando Renato Russo tinha apenas 18 anos, Que País É Este consolidou-se como um dos maiores sucessos da Legião Urbana e segue atual, sendo entoada em manifestações e debates políticos até hoje. Casos semelhantes já ocorreram: em 2024, Giuliano Manfredini acionou a ByteDance, responsável pelo TikTok, exigindo a remoção de vídeos de apoiadores de Jair Bolsonaro que utilizavam a canção em campanhas. Até o momento, Romeu Zema e o partido Novo não comentaram publicamente sobre a notificação.
