O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início nesta terça-feira (2), ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados de envolvimento em uma suposta tentativa de golpe de Estado. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, abriu a sessão reafirmando que “pressões internas e externas não influenciarão o julgamento”, destacando o papel da Corte na defesa da democracia.
Na sequência, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou as provas reunidas pela acusação, ressaltando que “não é necessária uma assinatura formal para configurar o crime de tentativa de golpe de Estado”. Segundo ele, as reuniões secretas e a utilização de órgãos públicos demonstram a intenção de romper a ordem democrática.
Defesas contestam acusações e reforçam versões
Os advogados de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres apresentaram suas sustentações. A defesa de Cid reforçou a legalidade de sua delação premiada, negando qualquer plano para assassinato de autoridades. Já a defesa de Ramagem alegou que documentos apreendidos eram apenas “anotações pessoais” e não provas de manipulação da Abin. Durante a sessão, a ministra Cármen Lúcia corrigiu o advogado de Ramagem ao esclarecer que voto impresso não se confunde com sistema auditável.
O advogado Demóstenes Torres, que representa Almir Garnier, pediu a anulação da delação de Cid e negou que o ex-comandante da Marinha tenha colocado tropas à disposição de Bolsonaro. Também pediu a absolvição do militar.
“Minuta do golpe” é questionada pela defesa
Encerrando os debates do dia, a defesa de Anderson Torres tentou desqualificar a chamada “minuta do golpe”, apontada como peça-chave da acusação. O advogado Eumar Novacki afirmou que o documento poderia ter sido encontrado na casa de qualquer um e que nunca foi elaborado ou discutido por seu cliente. A sessão será retomada nesta quarta-feira (3), com as manifestações das defesas de Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
