Uma menina de seis anos foi resgatada de uma situação de cárcere privado em Sorocaba, interior de São Paulo, pela Polícia Civil. A criança, que não sabe falar, nunca teve o cabelo lavado e se alimenta apenas de líquidos, foi encontrada em uma residência no bairro Jardim Esperança. Os pais, uma mulher de 45 anos e um homem de 54, foram presos temporariamente e não souberam explicar o motivo de manterem a filha nessas condições.
A delegada Renata Zanin, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sorocaba, relatou o estado de choque ao encontrar a criança. “Eles parecem não entender a real gravidade do que aconteceu. Não esboçaram nenhuma reação, nenhum sentimento, nada. Para eles, estava tudo normal”, afirmou Zanin.
O casal, que não tem outros filhos, respondia com “Não sei” a todos os questionamentos da polícia, como o motivo de não matricularem a filha na escola, não a levarem ao médico ou permitirem que tivesse contato com outras crianças. Em alguns momentos, afirmaram que pretendiam levar a menina para fora de casa, mas não souberam dizer quando ou por que ainda não o haviam feito.
Investigação revela histórico de isolamento
A delegada Zanin informou que a família dos pais da menina reside na capital paulista. Quando a criança tinha nove meses, passou um período com parentes em São Paulo e teve uma reação alérgica à proteína do leite. Após o episódio, os pais proibiram qualquer contato da criança com tios e avós, isolando-a completamente. A denúncia que levou ao resgate foi feita anonimamente ao Conselho Tutelar e à Guarda Municipal.
A mãe da criança também apresentava uma aparência incomum, com o cabelo raspado. Embora não tenha relatado violência doméstica, vizinhos afirmaram que ela era obrigada pelo companheiro a usar roupas masculinas. A delegada solicitará uma avaliação psiquiátrica para o casal.
Criança recebe atendimento médico e acolhimento
Após o resgate, a menina foi atendida pelo Conselho Tutelar de Sorocaba e encaminhada ao Centro Hospitalar da cidade, onde recebeu os primeiros cuidados médicos. De acordo com a prefeitura, ela foi abrigada em um serviço de acolhimento institucional. A Polícia Civil prossegue com as investigações, e o caso tramita em segredo de Justiça. A delegada Renata Zanin busca entender a motivação por trás do cárcere privado e as condições em que a criança foi mantida por seis anos. A avaliação psiquiátrica dos pais poderá auxiliar na compreensão do caso e na definição das medidas cabíveis.
