Durante a sessão desta terça-feira (9), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou como grave a troca de mensagens entre o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. As declarações foram feitas no julgamento que analisa a tentativa de golpe de Estado atribuída ao grupo ligado ao ex-chefe do Executivo.
Em seu voto, Moraes leu trechos das mensagens de Ramagem, hoje deputado federal pelo PL-RJ, que teriam embasado ataques públicos de Bolsonaro contra o sistema eleitoral. O ministro ressaltou que tais diálogos não podem ser considerados simples opiniões políticas, mas sim parte de um plano estruturado para questionar as urnas eletrônicas e o próprio STF.
Ramagem falou sobre suposta fraude das eleições de 2018
Um dos textos atribuídos a Ramagem afirma: “Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do senhor [Jair Bolsonaro] no 1º turno […]. A credibilidade da urna já se esvaiu, assim como a reputação de ministros do STF.” Para Moraes, a exploração dessas ideias em transmissões ao vivo, em 2021, evidencia a conexão entre a Abin e a estratégia do então presidente.
O magistrado destacou que tais práticas revelam o início dos chamados “atos executórios” para a manutenção do poder. Em sua avaliação, o movimento liderado por Bolsonaro tinha como objetivo enfraquecer a Justiça Eleitoral e impedir o controle constitucional sobre suas ações.
Conclusão de Alexandre de Moraes
Moraes concluiu reforçando o caráter criminoso da trama. “Isso não é uma mensagem de um delinquente do PCC para outro. Isso é uma mensagem do diretor da Abin para o então presidente da República. A organização criminosa já iniciava os atos executórios para se manter no poder independente de qualquer coisa”, disse.
