O governo dos Estados Unidos avalia a possibilidade de classificar facções criminosas brasileiras, como PCC e Comando Vermelho (CV), como organizações terroristas. A análise, citada pela consultoria Eurasia Group, surge em meio às tensões após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF. A decisão pode abrir caminho para sanções econômicas e restrições a instituições financeiras brasileiras.
Impacto no Brasil e no mercado financeiro
Segundo Christopher Garman, diretor da Eurasia para as Américas, a designação ainda não é iminente, mas pode ocorrer nos próximos seis a oito meses. Ele alerta: “O desafio de quando você denomina PCC e CV como organização terrorista é que tem que identificar quais grupos estão ajudando essas organizações.” A presença do PCC em setores como combustíveis, transportes e agronegócio aumenta a complexidade.
O debate vai além do julgamento de Bolsonaro. Especialistas apontam que a decisão também reflete a prioridade do governo Trump no combate ao narcotráfico na América Latina. A Casa Branca já inclui outros grupos latino-americanos na lista de terroristas e intensificou operações militares no Caribe e contra o tráfico da Venezuela.
Posição do Brasil é de rejeição
O governo brasileiro rejeitou o pedido americano, argumentando que a legislação nacional exige motivação ideológica ou política, não apenas lucro financeiro, para classificar atos como terrorismo. “Designar essas facções como terroristas significaria ingerência externa e enfraqueceria a soberania”, explicou o professor Vitelio Brustolin, da UFF para o site G1.
A classificação pelo EUA poderia permitir sanções secundárias, afetando empresas estrangeiras com negócios suspeitos no Brasil. Brustolin alerta que o reconhecimento como organizações terroristas facilitaria o congelamento de ativos e limitaria operações em dólares, impactando o comércio e a reputação de empresas brasileiras.
