O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta segunda-feira (20) a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) para o comando da Secretaria-Geral da Presidência. Ele entra no lugar de Márcio Macêdo (PT-SE), no cargo desde janeiro de 2023. A decisão foi comunicada em reunião no Palácio do Planalto que durou cerca de 1h30 e contou com a presença de Lula, Boulos, Macêdo, além de Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom). Segundo o governo, uma transição técnica entre as equipes ocorrerá nos próximos dias. Após o encontro, Lula divulgou uma foto ao lado do novo ministro e de seu antecessor.
A troca integra a reforma ministerial em etapas que o presidente conduz desde o início do ano, quando substituiu Paulo Pimenta por Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação. A Secretaria-Geral, uma das cinco pastas instaladas no Planalto, tem acesso direto ao chefe do Executivo e coordena temas sensíveis do cotidiano do governo. Com a movimentação, o PSOL passa a ocupar um ministério no Palácio, reduzindo a participação do PT na Esplanada. Com a nomeação, chega a 13 o número de mudanças no primeiro escalão no atual mandato. De acordo com interlocutores do Planalto, a expectativa é que Boulos permaneça no cargo até o fim do mandato, o que o afasta de uma eventual candidatura em 2026, prazo em que ministros que pretendem disputar as eleições precisam se desincompatibilizar até março, conforme a legislação.
Secretaria-Geral, movimentos sociais e missão de Boulos
A Secretaria-Geral é responsável pela articulação do governo com os movimentos sociais e pelo diálogo com segmentos da sociedade civil. A escolha de Boulos mira fortalecer essa relação, inclusive no contexto pré-eleitoral de 2026, dada sua trajetória como liderança do MTST. Nas redes, o novo ministro afirmou que sua missão será “levar o governo para a rua”. Em publicação, ele escreveu: “Agradeço ao presidente Lula pelo convite para ser ministro da Secretaria Geral da Presidência da República. Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil. Minha grande escola de vida e de luta foi o movimento social brasileiro e levarei esse aprendizado agora ao Planalto. Presidente, sua confiança será honrada com muito trabalho!”
Márcio Macêdo, que assumiu a Secretaria-Geral em janeiro de 2023, deixa a função após dois anos e nove meses dedicados à interlocução com movimentos sociais. Ex-vice-presidente do PT e tesoureiro da campanha presidencial de 2022, ele organizou o G20 Social no Rio de Janeiro, evento preparatório para a cúpula do G20. Em 2024, foi alvo de críticas após o baixo quórum em ato do Dia do Trabalhador em São Paulo, organizado por centrais sindicais. A reunião que formalizou a sucessão teve cerca de 1h30 e contou com a presença de ministros do núcleo político. Segundo assessores, a transição entre as equipes de Macêdo e Boulos será realizada de forma técnica nos próximos dias.
Perfil e trajetória de Guilherme Boulos
Aos 42 anos, Boulos é professor, psicanalista, formado em Filosofia e mestre em Psiquiatria. Foi candidato à Presidência em 2018 e disputou a prefeitura de São Paulo em 2020 e 2024. Em 2022, elegeu-se deputado federal com 1 milhão de votos, o mais votado do estado. Sua atuação pública tem como eixos a reforma urbana e políticas de moradia, temas com os quais construiu base social no MTST. Com a entrada na Secretaria-Geral, o PSOL ganha representação no núcleo do Planalto, enquanto o PT cede uma cadeira no primeiro escalão. A nomeação insere Boulos no centro da coordenação com movimentos sociais, área considerada estratégica para a comunicação do governo em todo o território nacional.
