Rachel Sheherazade critica ação policial no Rio: ‘O Estado tem o direito de matar pessoas?’

Em vídeo divulgado nas redes sociais, a jornalista denunciou a seletividade da violência policial.

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A jornalista Rachel Sheherazade gerou repercussão nas plataformas digitais na última segunda-feira (28) ao se manifestar sobre a incursão policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que resultou em mais de 60 óbitos. Em uma gravação divulgada, ela descreveu o ocorrido como desastroso e sangrento, expressando veemente indignação com o modo de atuação das forças de segurança.

Com uma postura de crítica, Sheherazade levantou dúvidas sobre a legitimidade do emprego da força e censurou a celebração de alguns setores da sociedade frente ao elevado número de fatalidades. Ela contestou a alegação de que todas as vítimas seriam criminosas, argumentando que: “A polícia entrou para cumprir 100 mandados de prisão, não para cometer 60 execuções”.

Posicionamento de Rachel Sheherazade

A jornalista enfatizou que o Estado não pode substituir o sistema judicial pela violência, questionando: “Onde está escrito na lei brasileira que o Estado tem o direito de matar pessoas?”.

Desigualdade e seletividade no combate ao crime

Durante seu discurso, Rachel Sheherazade destacou que a maior parte das vítimas da violência policial pertence a grupos marginalizados. Segundo ela, essas pessoas frequentemente não têm reconhecimento, recursos financeiros ou visibilidade: são moradores de favelas, negros, pardos e desfavorecidos socialmente, cuja morte muitas vezes passa despercebida.

A apresentadora também comparou o tratamento dado a criminosos de maior poder aquisitivo, que vivem em luxo, frequentam condomínios de alto padrão e mantêm contato com autoridades influentes, questionando por que o governo não realiza operações nesses locais.

Ao encerrar, Sheherazade refletiu sobre o papel dos policiais nas ações violentas, ressaltando que eles também são vítimas de um sistema desigual. Ela observou que, muitas vezes, o policial internaliza o ódio à própria comunidade e se torna instrumento de um sistema que perpetua a pobreza, sendo quem executa, mas não quem determina as chacinas.