Secretário de Segurança do Rio minimiza chances de inocentes entre mortos em megaoperação no Rio

Secretário de Segurança Pública defende letalidade em ação histórica nos Complexos do Alemão e da Penha.

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Na capital fluminense, a megaoperação policial que chocou o país com seu alto índice de letalidade segue gerando controvérsia.

Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (29/10), o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, defendeu a ação e afirmou categoricamente que todos os 119 suspeitos mortos durante a incursão nos complexos do Alemão e da Penha pertenciam ao Comando Vermelho (CV). Segundo o secretário, os únicos “inocentes” vitimados no confronto foram os quatro policiais que perderam a vida. As informações foram divulgadas em primeira mão pela colunista do Metrópoles Mirelle Pinheiro.

A operação, que começou na madrugada de terça-feira (28), já é considerada a mais letal da história do estado. Além dos mortos, mais de 80 suspeitos foram presos. O objetivo central, de acordo com as autoridades, era conter a crescente expansão territorial da facção criminosa nas comunidades cariocas.

Critérios e cenário de confronto

Questionado sobre a base para a alegação de que as vítimas seriam criminosos, o secretário Victor dos Santos detalhou a estratégia utilizada. Ele afirmou que o plano foi desenhado para afastar o confronto das áreas residenciais, concentrando o cerco na mata da Serra da Misericórdia, que faz a divisa entre o Alemão e a Penha.

Quando se faz essa filtragem, diminui a chance de haver algum inocente na área de mata. Até por conta do horário — 5h30, 6h30 — dificilmente um trabalhador estará numa mata fechada, a não ser que esteja a serviço da organização criminosa que domina o território”, declarou o secretário, resumindo sua convicção na frase: “Jamais seria um trabalhador”.

As Polícias Civil e Militar reforçaram o argumento, apontando que a maioria dos corpos recolhidos estava vestida com roupas camufladas e portava armamento de guerra, elementos que, para as corporações, confirmam o vínculo com o CV. O secretário ainda ressaltou que a falta de antecedentes criminais em alguns casos não invalidaria o envolvimento no confronto.

Investigação e declaração de ‘guerra’

Em paralelo aos confrontos, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar denúncias de que moradores teriam alterado a cena do crime, removendo fardamentos e armas de alguns mortos antes da chegada dos peritos, o que pode configurar fraude processual.

O planejamento da megaoperação, segundo as autoridades, levou mais de um ano e a tática de cerco pela mata foi classificada como “bem-sucedida dentro do previsto”. O discurso oficial na coletiva de imprensa elevou o tom da situação. “O que encontramos hoje não é mais uma questão de segurança pública. É guerra”, afirmou o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, reiterando a narrativa de que o Rio de Janeiro enfrenta um conflito em um patamar fora do padrão urbano.