Velório de jovem decapitado no Rio expõe colapso do IML após operação policial: ‘Sem o pescoço’

Família denuncia descaso do IML e sofrimento no reconhecimento do corpo de Yago Ravel Rodrigues.

PUBLICIDADE

O velório de Yago Ravel Rodrigues, de 19 anos, encontrado decapitado na quarta-feira (29), foi realizado na tarde de sexta-feira (31). A cerimônia ocorreu após uma grande operação policial atingir os Complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. A família do jovem expressou ao BacciNotícias sua insatisfação com a conduta e o descaso do Instituto Médico Legal (IML). Parentes de Ravel afirmaram que a despedida final, originalmente agendada para o meio-dia, foi antecipada para as 11h. O enterro está previsto para as 15h, no cemitério de Inhaúma.

Beatriz, tia de Yago, relatou o longo calvário dos familiares no IML, onde teriam passado mais de 12 horas sem obter informações sobre a localização do corpo. A tia também criticou o procedimento de reconhecimento, que permitiu apenas à mãe a entrada solitária para ver o filho. Ela descreveu a cena com pesar: “Somente a mãe entrou, e sozinha para ver o filho sem o pescoço”.

Crime chocante registrado

Moradores do Complexo da Penha encontraram Ravel. O crime foi marcado por detalhes chocantes: a cabeça da vítima foi decepada e empalada em uma estaca, sendo o corpo e a cabeça localizados horas após o ato.

Colapso no IML

O Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro suspendeu o atendimento ao público e entrou em crise após a Operação Contenção, que resultou em 134 óbitos nos Complexos da Penha e do Alemão. A Polícia Civil impôs a restrição de acesso para focar na alta demanda de perícias, o que causou grande indignação nas famílias que buscam informações sobre entes desaparecidos.

Devido ao número recorde de mortos na operação, considerada a mais letal já registrada no estado, o IML estabeleceu um plano de emergência de atendimento que está sendo realizado nas dependências do Detran. Os casos de rotina, não relacionados ao evento policial, foram redirecionados para a unidade do IML em Niterói. A situação foi alvo de severas críticas por parte de Dani Monteiro (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, que veio a público denunciar o colapso da instituição.