A dor tomou conta do estacionamento do Instituto Médico-Legal (IML), no Centro do Rio, onde Raquel Rodrigues aguardava desde a última quarta-feira (29) para reconhecer o corpo do filho, Yago Ravel Rodrigues Rosário, de 19 anos.
O jovem está entre os 121 mortos na megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na última terça-feira (28). Após quase dois dias de espera e de enfrentamentos burocráticos, Raquel foi chamada na tarde da última quinta (30) para confirmar a identidade do corpo.
Pais reconhecem corpo do filho no IML
Segundo relatos, a família foi informada de que a liberação só seria possível com a presença de um serviço funerário, o que gerou revolta. Após a reunião de representantes da Comissão de Direitos Humanos com o diretor do IML, Raquel pôde finalmente ver o filho. Do lado de fora, ao sair do prédio, foi amparada por outras mães que também aguardam por respostas.
“Meu filho estava dentro de um saco plástico, em cima de um carrinho. Quando abriram o plástico, meu filho estava lá dentro, com a cabeça separada do corpo e completamente sujo. Além disso, o cheiro de podre que saiu é indescritível, não vai sair da minha cabeça”, contou Alex Rosário, pai do rapaz, ao revelar detalhes chocantes após reconhecer o corpo do filho no IML. O enterro de Yago será realizado no Cemitério de Inhaúma, com serviço funerário gratuito.
A megaoperação no RJ
A ação conjunta das polícias Civil e Militar, chamada de Operação Contenção, é considerada a mais letal da história do país. O governo do Rio confirmou 121 mortes, sendo quatro policiais e 117 suspeitos. Além disso, houve 113 prisões e a apreensão de 118 armas, entre elas 91 fuzis. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, o número de mortos ainda pode aumentar, já que corpos continuam sendo registrados conforme chegam ao IML e a hospitais.
