Após seis anos presa injustamente, jovem é absolvida e perde a vida em casa dois meses depois

Damaris Vitória Kremer da Rosa, 26, foi absolvida em agosto; prisão domiciliar com tornozeleira começou em março.

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Aos 26 anos, Damaris Vitória Kremer da Rosa faleceu em 26 de outubro de 2025, apenas 74 dias após ser absolvida pelo júri das acusações que a mantiveram presa preventivamente por quase seis anos.

Detida em agosto de 2019, ela era suspeita de envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, ocorrido no ano anterior, em Salto do Jacuí (RS). O júri, realizado em 13 de agosto de 2025, concluiu pela negativa de autoria, absolvendo Damaris por falta de provas. O sepultamento ocorreu em Araranguá (SC), cidade natal da jovem.

Diagnóstico ignorado e liberdade tardia

Durante o período na prisão, Damaris relatou dores e sangramentos, mas seus pedidos de atendimento médico foram tratados como “mera suposição de doença”. Mesmo com laudos e solicitações da defesa, o Ministério Público e a Justiça negaram sucessivos pedidos de liberdade. Em março de 2025, com o câncer de colo do útero já em estágio avançado, a prisão foi convertida em domiciliar com tornozeleira eletrônica, que ela precisou manter até durante exames e internações.

Falta de humanidade e fim precoce

A absolvição por negativa de autoria veio tarde demais. Em menos de três meses, Damaris faleceu em casa, em Balneário Arroio do Silva (SC), onde cumpria prisão domiciliar.

Segundo o Tribunal de Justiça do RS, os pedidos de soltura foram negados até que o diagnóstico oncológico fosse comprovado. O Ministério Público afirmou ter apoiado a liberação somente após a confirmação da doença. O caso expôs o impacto da morosidade e da negligência judicial sobre a vida de uma inocente.