Uma mulher de 26 anos morreu pouco mais de dois meses após ser absolvida por um crime que não cometeu. Identificada como Damaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, ela acabou morrendo em decorrência de um câncer de colo do útero, que foi diagnosticado quando ela estava na penitenciária. A ré foi inocentada em agosto, após ficar 6 anos presa injustamente.
De acordo com o G1, registros dão conta que Damaris recebeu prisão preventiva em agosto de 2019, sob a acusação de suposto envolvimento no homicídio de Daniel Gomes Soveral, assassinado em novembro de 2018, na cidade de Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul.
A jovem foi apontada como responsável por “ajustar a morte” da vítima com outros que foram denunciados no caso, sendo responsável por ter um relacionamento com a vítima, atraindo-a para a morte. Ao longo do processo, a defesa apontou que Damaris, na realidade, teria sido estuprada por Daniel, e apenas contou ao namorado a situação. O seu companheiro teria assassinado o homem como forma de retaliação. O corpo de Daniel foi encontrado carbonizado.
Damaris apontou doença
Enquanto estava detida, Damaris, através de sua defesa, pediu a revogação da prisão, por alegar problemas de saúde, como sangramento vaginal e dor no ventre. A petição, no entanto, não foi aceita pelo Ministério Público, e a Justiça indeferiu a solicitação.
Em entrevista ao g1, a advogada de Damaris detalhou a luta que travou para que sua cliente fosse liberada para a realização de exames, após o recebimento do diagnóstico de câncer.
“Fiz petições manifestando que ela estava tratando câncer e precisava transitar por hospitais. Ainda, havia a oscilação do peso. Pedi remoção da tornozeleira, mas nenhum desses pedidos foi atendido. Ela foi submetida a raio-x, exames, tudo com tornozeleira”, relata a advogada Rebeca Canabarro.
Várias transferências
Ao longo dos últimos anos, Damaris passou por diversas transferências de penitenciárias, sendo alocada em celas de prisões em Sobradinho, Santa Maria, Rio Pardo e Lajeado. Em março deste ano, a jovem teve prisão convertida para o formato domiciliar, após complicações no quadro clínico. As sucessivas transferências culminaram na piora do quadro oncológico.
Em agosto, a ré foi a julgamento, sendo absolvida pelo Conselho de Sentença de todas as acusações que envolviam seu nome no caso, por conta da falta de provas. A mulher, entretanto, morreu 74 dias após a absolvição.
