A facção Comando Vermelho (CV) estaria adotando uma estratégia para dificultar a identificação de seus integrantes: o recrutamento de ‘soldados fantasmas’, pessoas sem registros oficiais nos bancos de dados governamentais. Fontes indicam que o grupo tem buscado indivíduos que não constem em cadastros como impressões digitais, arcada dentária ou amostras de DNA, concentrando essa busca, principalmente, em estados das regiões Norte e Nordeste.
Segundo apurações citadas por Mirelle Pinheiro na coluna do Metrópoles, a intenção por trás da prática é complicar o trabalho das equipes de inteligência e perícia: ao empregar membros sem histórico formal, o CV reduz as chances de identificação caso esses indivíduos sejam mortos em confrontos, o que atrasa ou dificulta investigações posteriores.
O que seria os soldados fantasmas?
Investigações recentes indicam que a função letal desses novos membros de facções é serem empregados diretamente na vanguarda dos conflitos do narcotráfico. A falta intencional de qualquer documentação ou registro civil desses recrutas permite que, em caso de morte, eles se tornem indetectáveis ou ‘fantasmas’ para as autoridades. Essa ausência de dados atrapalha significativamente o encerramento das investigações e impede a comprovação do envolvimento da organização criminosa.
Há fortes indícios de que essa estratégia de ocultação já está sendo aplicada. Um exemplo disso foi a recente e grande operação policial que resultou na morte de 117 indivíduos; nela, dois dos corpos encontrados não puderam ser identificados, o que parece validar a existência de combatentes sem qualquer registro oficial.
Mega operação no Rio de Janeiro
O panorama dos indivíduos neutralizados é alarmante: 115 dos 117 mortos foram identificados, revelando um histórico de crimes graves. Entre eles, destacam-se pelo menos dois indivíduos com acusações de estupro e homicídio, incluindo envolvimento em casos de estupro coletivo e assassinato de agentes de segurança. Além disso, a lista inclui inúmeros traficantes. No total, 59 dos falecidos possuíam mandados de prisão em aberto e quase todos (pelo menos 97) demonstravam um extenso histórico criminal.
A Polícia Civil esclareceu que, dos 17 indivíduos inicialmente sem histórico formal, 12 tinham evidências de participação no tráfico expostas em suas mídias sociais. A análise aprofundada desses perfis confirma tanto o alto nível de periculosidade quanto a complexa estrutura da rede criminosa que tenta se esconder por trás da tática dos soldados fantasmas.
