Mãe de jovem que ficou presa injustamente por seis anos e morreu de câncer desabafa: ‘ela não…’

Damaris morreu aos 26 anos dois meses depois de ter sido absolvida das acusações.

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Dois meses após ser absolvida das acusações que a mantiveram presa por seis anos, Damaris Vitória, de 26 anos, morreu em decorrência de um câncer de colo do útero. O caso, ocorrido em Cachoeira do Sul (RS), causou grande comoção ao expor as falhas do sistema prisional e da Justiça. A jovem já apresentava sintomas graves da doença quando recebeu o diagnóstico, que veio tardiamente, durante o cumprimento da pena.

A mãe, Claudete Kremer, contou que o último encontro com a filha foi marcado por um forte pressentimento. “Na verdade, o meu coração, a minha mente, ainda não se despediram dela”, disse em entrevista ao UOL. Ela relembrou as visitas difíceis e a falta de comunicação entre os presídios, o que agravava o sofrimento da família durante o período de encarceramento.

Prisão e câncer

Damaris foi presa em 2019, acusada de envolvimento no assassinato de Daniel Gomes Soveral, em Salto do Jacuí (RS). Desde o início, negou qualquer participação no crime, mas suas alegações foram ignoradas. A defesa sempre sustentou que ela foi usada como bode expiatório por falta de provas concretas.

Mesmo assim, permaneceu detida até março de 2025, quando, já com o diagnóstico de câncer, obteve prisão domiciliar para tratamento. A demora na assistência médica foi um dos pontos mais criticados pela defesa e pela família. Os pedidos de atendimento e de conversão de pena foram negados por meses, o que, segundo os advogados, agravou o estado de saúde da jovem. Em 13 de agosto de 2025, o júri popular finalmente reconheceu sua inocência, mas a vitória veio tarde demais.

Mãe critica o Estado

Abalada, Claudete classificou a morte da filha como uma tragédia anunciada. “O caso dela foi de uma injustiça sem tamanho. O Estado falhou, os médicos falharam, a penitenciária falhou. Ela não precisava ter morrido”, lamentou. A morte de Damaris reacendeu o debate sobre a responsabilidade do Estado em casos de negligência médica dentro do sistema prisional brasileiro.