O capitão Paulo Araújo, do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), relatou detalhes dramáticos que muitos não sabiam sobre a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no dia 28 de outubro, que terminou com 121 mortos, entre eles quatro policiais.
Com 22 anos de serviço na unidade, o oficial contou que participou de todos os resgates dos colegas feridos, sob fogo intenso e em meio a uma mata fechada dominada por criminosos fortemente armados. Segundo ele, os agentes se revezavam para carregar os baleados enquanto enfrentavam tiroteios que não paravam nem por um minuto.
Capitão Paulo Araújo relata detalhes da megaoperação no RJ
Durante entrevista ao O Globo, Araújo descreveu o momento em que ele e outro capitão foram emboscados. O companheiro foi atingido nas duas pernas, e o resgate ocorreu sob tiros constantes. “Foi exaustivo. Teve policial que, quando chegou perto do blindado, desabou. Desidratado, com fome, no limite”, revelou o capitão. Ele explicou que o grupo improvisou uma maca no meio do matagal e, enquanto carregavam o ferido, precisavam atirar para garantir a própria sobrevivência. “O desgaste físico, emocional e psicológico foi absurdo”, acrescentou.
O capitão ressaltou que, apesar do risco extremo, o objetivo era salvar os companheiros feridos, mesmo que isso significasse abrir mão da própria segurança. “Foi difícil, mas a gente sabia que o trabalho tinha que ser feito”, relatou Araújo em depoimento público.
A preparação da corporação do Bope
Ao relembrar os momentos mais críticos, o capitão destacou a preparação rigorosa dos agentes do Bope e a importância da liderança em situações-limite. “A gente tinha que sair, custasse o que custasse. E quem estivesse melhor, física e mentalmente, assumia o comando das operações de resgate”, contou. Apesar do cenário caótico e das perdas, Araújo garantiu que a tropa manteve a disciplina e a coragem até o fim.
