Nove dias após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos — entre suspeitos e agentes de segurança — e quase uma centena de presos, o cenário nas comunidades do Alemão e da Penha segue tenso. Apesar da presença reforçada das forças de segurança, criminosos continuam circulando pela região, especialmente nas áreas de mata da Serra da Misericórdia, usada como rota de fuga e abrigo para traficantes.
Durante uma visita ao local, um jornalista flagrou um homem com roupas camufladas observando o movimento em um ponto estratégico, de onde é possível enxergar trechos da Estrada Adhemar Bebiano. Próximo dali, havia uma estrutura improvisada com cobertura metálica, semelhante às usadas pelos criminosos para se esconder durante os confrontos. O ponto de vigilância, segundo as autoridades, fica no Engenho da Rainha, região próxima à Favela da Flexal, controlada pelo Comando Vermelho (CV).
Combate ao tráfico
O Secretário de Segurança, Victor César dos Santos, reconheceu que a repressão ao tráfico exige continuidade e planejamento. Ele afirmou que não há solução imediata para um problema enraizado há décadas, reforçando que o governo manterá as ações até capturar todos os envolvidos.
Entre os alvos prioritários está Edgar Alves Andrade, o Doca, considerado um dos principais líderes do CV no Complexo da Penha. As autoridades já receberam centenas de denúncias sobre sua localização, mas ele continua foragido. O secretário destacou que os chefes do tráfico contam com uma rede organizada de proteção, mas garantiu que as investigações prosseguem sem interrupções.
Rotina sob tensão
Nas comunidades, a sensação é de aparente normalidade, ainda que o medo predomine. O comércio tenta retomar as atividades, e o transporte público voltou a circular, mas as barricadas erguidas pelos criminosos seguem no mesmo lugar. Moradores evitam comentar o assunto, temendo represálias.
Durante uma cerimônia em homenagem aos policiais mortos, o governador Cláudio Castro reafirmou a continuidade da ofensiva contra o crime organizado. “A flecha saiu do arco, e ela não vai voltar. Vamos combater o crime, doa o que doer”, declarou, em tom de determinação.
