A ex-primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, foi condenada à morte nesta segunda-feira (17) por crimes contra a humanidade. O julgamento, que se estendeu por vários meses, concluiu que ela ordenou a repressão violenta aos protestos estudantis realizados no ano anterior. O Tribunal de Crimes Internacionais, sediado em Daca, divulgou o veredito sob um forte esquema de segurança e sem a presença de Hasina, que fugiu para a Índia em agosto de 2024.
A defesa ainda pode recorrer à Suprema Corte do país. A decisão ocorre mais de um ano após uma série de manifestações organizadas por estudantes contra o sistema de cotas que beneficiava veteranos de guerra e desfavorecia grande parte da população jovem. Os protestos, liderados pela chamada Geração Z entre julho e agosto de 2024, foram duramente reprimidos pelo governo.
Manifestações de estudantes termina com mais de mil mortos
Dados da ONU apontam que mais de mil pessoas morreram e milhares ficaram feridas durante os confrontos, reforçando a gravidade da crise. Hasina rejeitou a decisão e classificou a sentença como politicamente motivada. Segundo a ex-líder, o tribunal teria conduzido o julgamento de forma parcial. Ela também alegou que seu governo perdeu o controle da situação no auge das manifestações, mas que isso não caracteriza um ataque premeditado contra os cidadãos.
A ex-premiê declarou ainda que não teve acesso a uma defesa plena e que pretende contestar todas as acusações em um tribunal que considere imparcial, onde as provas possam ser analisadas adequadamente. A condenação ocorre a poucos meses das eleições parlamentares previstas para fevereiro, em um momento em que a Liga Awami, partido de Hasina, foi proibido de concorrer — cenário que pode intensificar novos protestos populares.
Decisão da família de ex-premier
Antes da divulgação do veredito, o filho e assessor de Hasina, Sajeeb Wazed, afirmou à agência Reuters que a família só irá recorrer da sentença caso um governo democraticamente eleito, com participação da Liga Awami, esteja no poder.
