Vídeo: ausência de ginecologistas em hospital de SP leva a investigação sobre conduta médica

Salários altos das médicas contrastam com ausências recorrentes e irregularidades na rotina de atendimento.

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A ausência constante de ginecologistas durante os horários de atendimento agendados no Ambulatório de Especialidades do Complexo Hospitalar Heliópolis, localizado na Zona Sul de São Paulo, deu início a uma investigação. Apesar de a escala de trabalho incluir os nomes de Márcia Kamilos, Silmara Fialho e Mara Gomes como integrantes do corpo médico, pacientes relatam que, na prática, encontram as portas fechadas e não conseguem agendar consultas.

A cozinheira Rita de Cássia é um exemplo, afirmando que está há mais de seis meses tentando marcar uma consulta sem êxito, pois lhe é dito repetidamente que: “não está tendo vaga para ginecologista” e que “a gente está sem”. Essa situação gera um sentimento de frustração e humilhação para os usuários, como expressa a cozinheira: “Você contribui, trabalha a vida inteira… e quando a gente precisa tudo é negado”.

Licença sob suspeita

A médica Márcia Kamilos encontra-se licenciada por motivos de saúde desde dezembro de 2024, alegando prejuízo em sua capacidade de trabalho. No entanto, verificou-se que a médica disponibilizou sua agenda em uma clínica privada, com a possibilidade de agendamento de consultas para o dia 17 de dezembro, conforme informação dada pela atendente. Adicionalmente, seu perfil em redes sociais indica que, durante o período de afastamento, ela participou de Congressos e ministrou aulas em diversas cidades.

Irregularidades na rotina profissional

As médicas Silmara Fialho e Mara Gomes foram observadas ausentes do hospital em momentos nos quais deveriam estar trabalhando. Silmara Fialho saiu do plantão mais cedo e foi vista fazendo compras quando seu dever era atender pacientes. Em um outro episódio, uma funcionária comunicou por telefone que: “Essa semana ela não vai atender”. Já Mara Gomes se ausentou por várias horas para comparecer a uma aula de pilates, retornando apenas para completar parte da jornada de trabalho, um padrão que se repetiu em outras ocasiões.

De janeiro a outubro de 2025, o total de salários pagos às três médicas ultrapassou R$ 210 mil, conforme informações públicas. A Secretaria da Saúde ordenou uma investigação imediata dos incidentes e reiterou seu repúdio a qualquer conduta incompatível com a ética profissional. A administração do hospital, por sua vez, anunciou que iniciou a implementação de novos controles internos, como o registro de ponto por biometria facial, para prevenir que situações como essa voltem a ocorrer.