O tombo da bolsa hoje não foi por causa de crise mundial, guerra ou algum dado econômico inesperado. Todo mundo viu o que aconteceu. Bastou sair a notícia de que Jair Bolsonaro escolheu o filho dele, Flávio, para disputar a Presidência em 2026 e o mercado entrou em estado de alerta. O Ibovespa despencou 4,31%, fechando aos 157.369,36 pontos. O dólar também subiu, um movimento clássico de aversão ao risco, deixando claro que ninguém levou essa escolha a sério.
E por que ninguém leva a sério? Porque Flávio é fraco. Muito fraco. Não transmite segurança institucional, não mobiliza, não cria expectativa positiva e não representa ameaça real a nenhum adversário de peso. Para o eleitor médio e para o investidor, ele não parece um potencial presidente da República, mas sim um nome improvisado, colocado ali por falta de opção e por conveniência familiar.
Bolsonaro repete os mesmos erros e entrega a eleição para Lula
E aqui entra a parte que muitos evitam admitir, mas que está escancarada. Jair Bolsonaro se tornou, ainda que involuntariamente, o maior cabo eleitoral de Lula. Foi assim em 2022 e está acontecendo novamente.
Lula voltou ao poder porque Bolsonaro destruiu sua própria imagem ao longo do mandato. Foi desgaste atrás de desgaste: conduta errática durante a pandemia, declarações infelizes em momentos críticos, conflitos desnecessários e uma incapacidade permanente de ampliar base política. O país estava cansado dele. Lula não precisou fazer muito. Apenas assistiu Bolsonaro se afundar sozinho.
Agora o roteiro se repete. Bolsonaro escolhe Flávio, um nome sem força nem mesmo dentro do próprio grupo político. Em vez de construir uma candidatura competitiva, com perfil técnico, diálogo e capacidade de atrair o centro, ele insiste no filho que o mercado, o eleitor e até parte da direita não reconhece como liderança nacional. A impressão é a de que Bolsonaro está entregando a eleição de bandeja para Lula. E o mercado captou isso imediatamente.
O erro de Bolsonaro virou o maior presente para Lula
Com Flávio na disputa, Lula praticamente nem precisa montar estratégia. O caminho está livre. O mercado sabe disso, o investidor sabe disso, o eleitor moderado sabe disso. Quem ainda não entendeu é o próprio Bolsonaro, que insiste em repetir os mesmos erros esperando resultados diferentes. Ele confia demais no sobrenome e de menos na realidade política que o cerca.
A verdade é simples. O tombo da bolsa hoje foi um reflexo direto da percepção de que a direita caminha para a eleição de 2026 completamente desorganizada e sem um nome competitivo. Em cenários assim, o outro lado sempre agradece. Lula não ficou mais forte. Ele apenas observa um adversário sem estrutura, sem estratégia e sem condições de disputa.
E isso tem responsável. Jair Bolsonaro se consolidou como o maior cabo eleitoral de Lula porque sempre toma a decisão errada na hora decisiva. A escolha de Flávio é só mais um capítulo de uma sequência de autossabotagens que beneficiam, invariavelmente, o adversário.
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