Flávio Bolsonaro impõe condição para desistir da disputa pela presidência: ‘eu tenho um preço pra isso’

Senador afirma que projeto de anistia é ponto central para negociação e elogia Tarcísio de Freitas como principal nome da direita atualmente.

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Escolhido recentemente como pré-candidato para a corrida presidencial de 2026 contra o atual mandatário Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou neste domingo (7) que existe uma condição para que ele retire seu nome da disputa.

O parlamentar indicou que a votação do projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, medida que beneficiaria o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente detido, seria um fator determinante. Durante sua fala, o senador provocou reflexão sobre as negociações em curso: “Imagina qual o preço para eu abrir mão da minha candidatura, quero que vocês reflitam sobre isso. Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim [na disputa presidencial de 2026], mas eu tenho um preço pra isso. Eu só vou falar isso amanhã”.

Ao ser indagado se a aprovação da anistia funcionaria como uma moeda de troca para sua desistência, Flávio confirmou que o tema é central, embora não seja o único ponto da negociação. Ele cobrou publicamente os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para que cumpram acordos prévios sobre o tema.

“Não é só isso [pautar o projeto de anistia], tem que dar mais, mas é por aí, vocês [imprensa] estão indo bem”, afirmou o senador, complementando sua expectativa sobre a atuação dos líderes legislativos: “Eu espero que a gente paute esta semana a anistia, espero que os presidentes do Senado e Câmara cumpram o que prometeram para nós”.

Reunião com líderes partidários

Para alinhar as estratégias e discutir sua entrada no pleito, o senador agendou um encontro nesta segunda-feira com dirigentes de siglas da direita, incluindo representantes do União Brasil, PP, Republicanos e do próprio PL.

Flávio negou que sua pré-candidatura tenha causado divisão no espectro político e fez questão de elogiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Amanhã vou ter uma conversa com alguns líderes partidários para entender melhor. Essa notícia [escolha de Flávio], eu reconheço, pegou muita gente de surpresa. Vamos conversar amanhã”, disse ele. Sobre o governador paulista, reforçou a unidade: “Foi muito boa a reação do Tarcísio ao anúncio, ele se mostrou de peito aberto. O Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje. Vamos começar a ganhar a eleição por São Paulo, então não tem fragmentação da direita”.

Além das articulações eleitorais, Flávio Bolsonaro buscou apresentar um perfil mais moderado, autodenominando-se como o membro “mais centrado” da família. Ele aproveitou para criticar a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que alterou regras sobre pedidos de impeachment de magistrados, classificando o ato como uma proteção institucional indevida. “Vocês vão conhecer um Bolsonaro diferente, um Bolsonaro centrado”, garantiu. Em relação ao Judiciário, expressou descontentamento: “O que aconteceu na semana passada foi muito grave, me pareceu uma blindagem do STF. Não estou falando isso para criar guerra institucional”.

Acenos ao mercado financeiro

No encerramento de suas declarações, o senador dirigiu-se ao setor econômico, defendendo a responsabilidade fiscal e criticando a gestão atual. Ele argumentou que o país necessita de uma mudança de rumo para garantir a prosperidade e evitar a continuidade das políticas do governo Lula.

Assim como o mercado [financeiro], eu tenho a convicção de que o Brasil não aguenta mais quatro anos. Convicção de que o Brasil não pode escolher de novo o caminho errado, como fizeram em 2022. Vamos escolher o caminho certo em 2026, que é o caminho da prosperidade, que é o que a gente vai buscar incansavelmente com seriedade, com responsabilidade fiscal, e dando segurança e abraçando, cuidando das pessoas que hoje estão aí necessitando do poder público”, concluiu.