MBL inaugura monumento de cozinheira que recusou envenenar policiais e foi assassinada: ‘Viva Antônia’

Ato em Saboeiro (CE) reuniu familiares e moradores, inaugurou um monumento em frente à Escola Maria Linda da Glória e teve leitura de dedicatória.

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Renan Santos, uma das lideranças do Movimento Brasil Livre (MBL), realizou uma homenagem pública à cozinheira Antônia Ione Rodrigues da Silva, em Saboeiro, no interior do Ceará. Em vídeo publicado em seu canal, ele aparece ao lado de moradores e familiares em uma cerimônia com a inauguração de um monumento em memória da cozinheira, que, segundo os relatos presentes na gravação, teria sido pressionada por integrantes de facção criminosa a envenenar policiais militares e, após recusar, teve a vida tirada em um ataque dentro de casa. O evento ocorreu em frente à Escola Maria Linda da Glória e incluiu gritos de “Viva Antônia” e discursos em defesa de medidas mais duras contra o crime organizado.

De acordo com o conteúdo do vídeo, Santos visitou a residência onde ocorreu o crime e descreveu a dinâmica do ataque a partir do que ouviu de familiares e vizinhos. Ele indicou o quarto onde a vítima dormia com a filha e afirmou que dois suspeitos teriam sido presos. O material não apresenta detalhes oficiais sobre a investigação nem posicionamento de autoridades policiais.

Homenagem e monumento

A cerimônia teve a participação de moradores, familiares e apoiadores do MBL. Segundo os organizadores, o monumento foi produzido voluntariamente por um artista e instalado em local de grande circulação estudantil para servir de referência às novas gerações. Durante a leitura da dedicatória gravada no monumento, foram proferidas frases como “Negou-se a ser instrumento do mal.” e “O crime lhe tirou a vida. Mas não apagou sua luz.” Também foram destacadas passagens que associam a trajetória de Antônia Ione à coragem e à resistência de mulheres do interior do Nordeste, bem como o desejo de que sua história inspire crianças e adolescentes da região.

O vídeo também inclui depoimentos de moradores sobre atos de bravura atribuídos à homenageada. Uma moradora relembra um incêndio que ocorreu quando ela era bebê e atribui a Antônia Ione o resgate, apresentado no material como um episódio anterior ao crime que a vitimou. Os discursos enfatizam o objetivo de transformar a memória da cozinheira em símbolo de proteção comunitária e de fortalecimento de vínculos com a escola e com a família.

Críticas políticas e defesa de endurecimento

Nos pronunciamentos gravados, Renan Santos intensificou críticas a autoridades estaduais e ao Partido dos Trabalhadores (PT), atribuindo o avanço de facções a gestões ligadas ao partido. Ele também afirmou que policiais teriam deixado de comparecer à cerimônia por impedimento do governo estadual: “o governador do estado impediu a presença deles”. A gravação não registra resposta do governo citado nem de órgãos de segurança sobre a alegação.

Em trechos do discurso, Renan defendeu o uso de medidas mais severas no enfrentamento ao crime organizado e recorreu a palavras de ordem como “Nós temos que destruir o crime organizado.” e “Os líderes do crime organizado vão morar num buraco.” Ele também declarou a intenção de defender a criação de um presídio com o nome de Antônia Ione, como forma de marcar institucionalmente a memória da cozinheira e associá-la a políticas de segurança pública.

O símbolo queimado e o contexto local

A gravação mostra os organizadores ateando fogo a um objeto apresentado como símbolo de facção criminosa retirado de uma caixa d’água no distrito de Flamengo, em Saboeiro. Santos afirma diante do grupo: “Nós estamos queimando a simbologia do crime organizado”. Segundo ele, o gesto seria uma contrapartida simbólica à instalação do monumento em homenagem à cozinheira, numa tentativa de reforçar a rejeição comunitária à presença de grupos criminosos.

Segundo o relato do vídeo, Antônia Ione era cozinheira do destacamento da Polícia Militar local, professora e mãe. Ao longo da cerimônia, os participantes reforçam a versão de que ela foi pressionada por criminosos a envenenar a comida de policiais e que sua recusa a tornou alvo do ataque que tirou sua vida. Santos cita ainda, sem apresentar documentos no material, que dois suspeitos teriam sido presos. O vídeo não informa atualizações oficiais sobre inquérito, denúncia ou julgamento.