Alerta para quem usa caneta emagrecedora: pacientes têm reações graves em produtos falsificados

Canetas emagrecedoras são a febre do momento para quem deseja perder alguns quilos a mais.

PUBLICIDADE

Casos recentes de consumidores que adoeceram após utilizar tirzepatida de forma irregular revelam como o mercado clandestino, atravessadores e clínicas sem licença transformaram a busca pelo emagrecimento rápido em um risco grave. Especialistas destacam o que é permitido, o que é proibido e como evitar armadilhas que comprometem a saúde.

O chef Paulo Marin, de 50 anos, decidiu experimentar a substância — princípio ativo do Mounjaro — depois de ouvir uma amiga comentar no salão de beleza que muitas pessoas estavam emagrecendo de forma acelerada com o uso da caneta emagrecedora.

Canetas emagrecedoras falsificadas

Em poucos dias, Paulo recebeu o contato de um suposto médico que realizava aplicações em um consultório improvisado, composto apenas por uma maca, uma mesa simples e duas cadeiras. Nenhuma ampola era mostrada ao paciente, tampouco informações sobre lote, procedência ou prescrição.

Logo na primeira aplicação, ele percebeu sinais de alerta: náuseas intensas, tontura, vômitos e um grande hematoma na região abdominal. Na tentativa seguinte, os sintomas se agravaram, e, além disso, ele não perdeu peso.

Segundo especialistas consultados pelo g1, as reações enfrentadas por Paulo são comuns em produtos vendidos fora do controle sanitário. Para eles, o caso expõe o abismo entre as exigências da Anvisa para garantir um injetável seguro e aquilo que chega ao consumidor por meios irregulares. A endocrinologista Maria Fernanda Barca, da FMUSP, explica que análises laboratoriais já identificaram soluções com pureza muito baixa, frascos sem esterilidade e insumos de origem desconhecida.

Problemas em produtos para emagrecimento

Outros problemas também foram detectados: tentativas de replicar concentrações industriais sem precisão técnica e até presença de sibutramina, substância proibida para uso injetável. Esses achados reforçam a gravidade da situação.

Clayton Macedo, endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Cohen, afirma que testes independentes encontraram frascos rotulados como tirzepatida com purezas entre 7% e 14%, muito abaixo dos 99% exigidos no medicamento original. Embora a manipulação seja permitida no Brasil, ele destaca que apenas estabelecimentos regulamentados podem produzi-la, seguindo normas rígidas impostas pela Anvisa.