Após a prisão de Alex Leandro Bispo dos Santos pela morte de sua esposa, voltou à tona a informação de que ele havia recebido milhões em fundos públicos. Investigadores analisaram documentos que revelam um contrato de R$ 12 milhões assinado por Santos com o Instituto Conhecer Brasil (ICB). Este instituto é presidido por Karina Pereira da Gama, que também atua como produtora executiva da cinebiografia de Jair Bolsonaro.
De acordo com apurações mencionadas pelo colunista Demétrio Vecchioli do Metrópoles, o montante pago teria vindo de um convênio da Prefeitura de São Paulo. O objetivo desse convênio era implementar pontos de internet gratuita em regiões carentes, um projeto que já estava sob investigação devido a múltiplas irregularidades.
Auditorias revelam falhas
O Instituto Conexões do Brasil (ICB) foi contratado em 2024 com o objetivo de instalar e manter milhares de pontos de wi-fi em comunidades carentes da capital. No entanto, auditorias subsequentes apontaram problemas tanto na execução quanto nos custos do projeto. Durante o processo de prestação de contas, a organização não governamental apresentou documentação que incluía as assinaturas de Alex Bispo e de sua esposa, Maria Katiane Gomes da Silva, que figurava como testemunha.
Uma reportagem investigativa revelou que partes do plano de trabalho foram modificadas durante o período eleitoral, o que possibilitou a realização de pagamentos antecipados por pontos de conexão que ainda não estavam em funcionamento. De acordo com os dados levantados, a empresa de Alex, a Favela Conectada, recebeu quantias correspondentes a um ano de manutenção, apesar de ter prestado o serviço por apenas pouco mais de dois meses.
O caso de Alex ganhou nova dimensão com sua prisão por feminicídio, que trouxe à tona seu anterior envolvimento em um esquema financeiro. Ele foi preso em 9 de dezembro sob a suspeita de ter espancado Maria Katiane antes de sua queda fatal do décimo andar de um edifício na zona sul da capital. Há vídeos que documentam as agressões. Quando confrontado pela polícia, Alex apenas justificou seu comportamento dizendo que foi mais por causa que gostava muito da pessoa, negando, contudo, a intenção de matar.
Investigações seguem abertas
As autoridades classificaram o incidente como feminicídio e o inquérito está em curso na 89ª Delegacia de Polícia. Essa situação, que liga acusações de corrupção e violência doméstica, é objeto de investigação da polícia e do Ministério Público. Por sua vez, a prefeitura declarou que julga irresponsável qualquer associação entre o programa de wi-fi e demais iniciativas ligadas ao ICB. As averiguações prosseguem.
