A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro divulgou um pronunciamento nas redes sociais do PL Mulher exatamente no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levava ao ar sua tradicional mensagem de Natal em cadeia nacional de rádio e televisão. Sem mencionar o petista diretamente, Michelle apostou em um discurso simbólico, com imagens antigas de Jair Bolsonaro internado, para reforçar a ideia de que o país atravessa um período difícil.
Na gravação, Michelle fez projeções políticas para 2026 e enfatizou a necessidade de resistência diante de adversidades, incluindo decepções vindas de aliados próximos. A fala ocorre poucas semanas após um embate público com filhos de Bolsonaro, motivado por negociações do PL para uma possível aliança com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará.
“O ano que em breve se iniciará é muito importante para o nosso país e principalmente para o futuro das nossas famílias. Não se deixe abater pelas maldades, perseverem apesar das traições, ainda que venham das pessoas mais próximas. Sigam em frente deixando de lado as decepções”.
Pronunciamento simbólico e recados internos
O vídeo também teve forte tom religioso. Michelle pediu orações para Jair Bolsonaro, a quem chamou carinhosamente de “meu galego”, e para famílias que, segundo ela, estariam sendo injustiçadas. O apelo, no entanto, foi feito sem citar nomes de apoiadores, adversários políticos ou integrantes da própria família Bolsonaro.
Apesar das tensões recentes, a ex-primeira-dama evitou comentar diretamente o racha com os filhos do ex-presidente e não fez qualquer menção à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência. O silêncio foi interpretado por aliados como um movimento calculado para preservar espaço político e manter foco no discurso nacional.
Silêncios que também chamaram atenção
Michelle também não abordou os processos e acusações que envolvem Jair Bolsonaro no contexto dos atos antidemocráticos, nem comentou a internação recente do ex-presidente para uma cirurgia no estômago. A ausência desses temas reforçou a estratégia de concentrar a mensagem em fé, perseverança e mobilização da base conservadora para os próximos anos.
