Laudo divulgado aponta que Bolsonaro parou de respirar enquanto dormia

Documento médico entregue a Alexandre de Moraes detalha quadro de saúde do ex-presidente, que segue internado em Brasília para procedimentos.

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Um laudo médico anexado pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro aos autos do Supremo Tribunal Federal traz dados detalhados sobre a saúde do político. O documento, encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, indica que Bolsonaro parou de respirar 514 vezes durante uma única noite de monitoramento.

O registro refere-se ao período em que ele esteve detido na sede da Polícia Federal, em Brasília. A divulgação dessas informações ocorre em meio à atual internação hospitalar do ex-mandatário, que passa por procedimentos cirúrgicos e tratamento para crises persistentes de soluços na capital federal.

A análise detalhada do exame de polissonografia aponta que, dos episódios registrados, 470 foram classificados como apneias do sono, com durações variando entre dez e 25 segundos.

A apneia é um distúrbio caracterizado pela interrupção repetida da respiração, o que fragmenta o descanso e reduz a oxigenação sanguínea. Conforme explicado em reportagens sobre o tema, essas pausas levam o cérebro a “acordar” brevemente para retomar o fluxo respiratório, comprometendo a qualidade do sono. A defesa utiliza esses dados para ilustrar as condições de saúde do ex-presidente no ambiente de custódia.

Procedimentos no hospital e soluços

Atualmente, Jair Bolsonaro encontra-se sob cuidados médicos no Hospital DF Star, onde deu entrada na última quarta-feira para a realização de uma herniorrafia, cirurgia destinada à correção de uma hérnia inguinal bilateral.

Além da recuperação pós-operatória, a equipe médica enfrenta desafios para controlar uma crise de soluços. Após uma tentativa inicial de bloqueio anestésico do nervo frênico direito realizada no sábado, um novo procedimento foi programado para intervir no nervo esquerdo do diafragma, com o objetivo de aliviar as contrações involuntárias que persistem.

O relatório de saúde enviado ao Judiciário não se limita aos distúrbios do sono, mas também elenca uma série de comorbidades que exigem atenção. A lista inclui diagnóstico de refluxo gastroesofágico com esofagite, hipertensão arterial sistêmica primária, além de problemas vasculares e cardíacos. A combinação desses fatores com a apneia severa pode elevar o risco de complicações cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral, demandando monitoramento constante dos sinais vitais e da evolução clínica do paciente durante sua permanência na unidade de saúde.

Tratamento indicado e custódia

Para o controle da apneia obstrutiva do sono, as opções terapêuticas dependem da gravidade do caso, podendo incluir mudanças no estilo de vida, perda de peso ou o uso de CPAP, aparelho que gera pressão positiva nas vias aéreas.

A previsão médica indica uma possível alta hospitalar para a próxima quinta-feira (01), condicionada à resposta do paciente aos procedimentos para conter os soluços. Após a liberação, ele deverá retornar à Superintendência da Polícia Federal, local onde cumpre pena por tentativa de golpe de Estado, conforme determinado pelas autoridades judiciais.