Fernando Haddad: ‘Brasil pode crescer com Bolsonaro’

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Petista derrotado nas eleições presidências, Fernando Haddad afirmou, durante um discurso na Universidade de Columbia, em Nova York, que não acredita no fracasso da administração de Bolsonaro em sua avaliação sobre as perspectivas econômicas do país com o novo governo. Pelo contrário, Haddad avaliou que a nova gestão poderá ter bons resultados.

Temos que nos prevenir: ele vai adotar o neoliberalismo radical“, disse, referindo-se a Bolsonaro. “Em primeiro lugar gera um fluxo de caixa muito importante e dá fôlego, com a venda de ativos estatais, o que ocorreu com o primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com venda de estatais, o que bancou a sobrevalorização do câmbio por quatro anos“, apontou. “Vamos ter crescimento em 4 anos porque estamos há 4 anos sem crescer e isso vai dar um respiro para o governo“.
De acordo com Haddad, o novo governo também terá proximidade com grupos religiosos conservadores. “A pauta do fundamentalismo alimenta o espírito e não o estômago, mas isto também está no jogo político.” Para o ex-candidato, é preciso ter cuidado na hora de avaliar o futuro da administração Bolsonaro. “Não pode ver como dado o fracasso, que pode ocorrer, mas não é pressuposto da nossa avaliação”, concluiu Haddad.
Haddad não criticou Bolsonaro, exceto quando avaliou como indevido o fato de que o presidente eleito “bateu continência” para John Bolton, assessor de Segurança Nacional do governo dos EUA, em visita a sua residência, no Rio de Janeiro. O petista também classificou como “estranho” o fato de Sergio Moro ter aceitado fazer parte do novo governo.
Não é comum uma pessoa deixar de ser juiz para ser ministro do atual governo“, disse. Haddad acredita que as medidas adotadas por Moro interferiram diretamente no resultado das eleições presidenciais. Para ele, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, tivesse condições, seria eleito presidente da república.
Em uma autoavaliação partidária, Haddad considerou que além de propor a reforma política, Lula em seu segundo mandato deveria ter sugerido a realização da reforma tributária. “É quando há alto capital político que mudanças importantes precisam ser sugeridas, mesmo que isso implique em derrota em eleições“, destacou.